Integrando o elenco do espetáculo “O Patinho Feio”, Carla Nunes é atriz e começou a atuar aos nove anos a partir de um projeto social. Desde então acumula trabalhos no teatro, televisão, cinema, streaming e publicidade. Com mais de quinze peças teatrais no currículo, além de novelas, séries e longas-metragens, ela também assume a função de diretora e roteirista em dois curtas-metragens, além de reunir prêmios e indicações no mercado teatral e audiovisual.
A nova montagem de “O Patinho Feio” é assinada por Beto Gaspari, Cesário Candhí e Marcos Covask, com trilha sonora original de Gaspari, e propõe uma imersão no universo nordestino, reforçando mensagens de acolhimento, identidade e diversidade. O espetáculo é uma realização da Candhí Produções Artísticas.
No palco, ela dá vida a diferentes personagens. Em entrevista, ela conta mais detalhes sobre este novo projeto, que terá apresentações no dia 10 de junho nos palcos do Teatro Raul Cortez, em Duque de Caxias.
Confira:
Carla, conta um pouco sobre sua personagem em “O Patinho Feio”?
Eu faço alguns personagens, mas destaco a Graúna. Ela é esse encontro transformador e muito especial pro Patinho, o Chiquinho. Ela chega de forma muito livre, curiosa, e vem pra dizer que ser diferente é maravilhoso, que ninguém precisa caber numa caixinha. Enquanto todo mundo gosta de milho, ela gosta é de jabuticaba, e isso não é um problema. Ela gosta do que faz, gosta de cantar, gosta de acordeon , de ser quem é e ir na contramão do que a “bicharada” geralmente espera.
Como foi o seu processo de construção dessa personagem? Houve alguma preparação específica para esse universo em cordel?
Foi um processo interessante. Fui entendendo os personagens no corpo, na voz, no gesto. O cordel traz um ritmo próprio e desafiador. Uma cadência que nos exigiu disciplina e atenção.
O espetáculo exige que os atores também cantem e toquem instrumentos em cena. Como vem sendo esse desafio para você como atriz e o que você tem de função nesta obra? Você já teve essa vivência musical anteriormente?
Eu tive vivência anterior no canto, percussão, teatro musicado, mas nessa peça os desafios são maiores. Muitas transições são musicadas, não saímos de cena, e as músicas contam histórias. Então precisamos de atenção máxima, de articulação, de escuta aberta, e um trabalho coletivo ativo.
A peça traz uma reflexão sensível sobre pertencimento, diferenças e acolhimento. Como essa mensagem ressoa para você, especialmente num país tão diverso como o Brasil?
A gente vive num país onde a diferença nem sempre é acolhida. E, pra mim, estar nesse espetáculo é quase um protesto “poético”, dizendo que sim, ser diferente é necessário, porque na realidade a gente precisa se enxergar é com o coração.

Você se lembra da sua primeira impressão ao ler o texto de “O Patinho Feio”? O que mais te tocou ou te chamou a atenção naquela primeira leitura?
A ideia de adaptar um clássico para forma de cordel, além da reestruturação poética que a história ganhou em um contexto nordestino.
A encenação traz muitos elementos da cultura nordestina. Como está sendo trabalhar com esse imaginário em cena?
Está sendo ótimo. Temos o cuidado de trazer a cultura nordestina de forma respeitosa e com verdade.
Como tem sido fazer parte de um elenco tão premiado e reconhecido por um trabalho voltado ao teatro infantojuvenil?
É um presente fazer parte do elenco e viver o reconhecimento do trabalho. Mas é também uma responsabilidade grande trabalhar para a escuta da criança, instigando seu imaginário e possibilidades.
Trabalhar com teatro para crianças tem um tipo de entrega diferente. O que mais te encanta ou te desafia quando está em cena para esse público?
A sinceridade da criança é o que mais me encanta. Ela não finge que tá gostando. E isso nos exige um trabalho muito mais ativo, de troca e sinceridade em cena.
O que o público pode esperar das apresentações do dia 10 de junho?
Pode esperar uma experiência cheia de música, poesia, e reflexão.